O começo da anormalidade de uma história anormal.
Capítulo 4 - Bad Job
Dentre todas as raças existentes na terra, os paranormais são os que mais se “assemelham” aos humanos. Estes se separaram em dois grupos, os pacíficos que se misturaram com os humanos dando origem aos mestiços e os agressivos, ou como muitos preferem chamar, revolucionários. Parece que houve um conflito entre esses dois onde Nishi se encontrava.
— Nós vamos ter que limpar isso? Disse Taikou, quebrando o clima tenso do ar.
— Vamos entrar, disse Sano.
Todos o seguiram, menos Taikou, que decidiu permanecer ali por medo.
O casarão estava destruído, os quadros que se encontravam na parede estavam partidos ao meio e estilhaços de copo se espalhavam pelo chão. Lá encima, no segundo andar, um rastro de sangue manchava a parede.
— Parece que a festa foi agitada, disse Nishi.
Subindo ao segundo andar, entraram em um dos inúmeros quartos e verificaram o PC que estava ali, lá encontraram um e-mail com o seguinte conteúdo.
Para Tetsuo H.T
“Caro amigo, é depois de muito tempo que venho lê escrever sobre um assunto delicado para nós dois. Ambos sabemos que minha relação com humanos nunca foi boa e que venho tentando levar você para ao meu lado, mas sem sucesso. Você sempre conviveu com eles e deu sua confiança sem pensar nas conseqüências e com o passar do tempo trocou sua vida pela vida humana e se deixou corromper por causa desses seres. Já faz um tempo que conheci um grupo que tem idéias maravilhosas e me prometeram que livrariam o mundo desse mal. Queria conversar pessoalmente com você mais uma vez sobre isso calmamente e tentar mais uma vez te salvar, passarei ai daqui uma semana, então, seja um bom anfitrião. De seu amigo Thomas F.S”.
— Esse tal Tetsuo era bastante rico, ele tinha uma grande loja de eletrônicos em Shibuya. Comentou Sano, enquanto mexia em uns papéis que se encontravam encima de um pequeno armário.
— Pelo que parece, eles não se entenderam, com certeza não foi uma conversa pacifica. Disse Nishi.
— Então havia paranormais rondando a cidade aquele dia, eles estão se movendo para planejar algo, é muito raro eles se botarem em risco desse jeito. Disse Haruki.
Lá fora, barulhos ensurdecedores se ouviram, junto com gritos de pessoas, eles saíram e lá viram inúmeros helicópteros e agentes da O.H.D espalhados pelo pátio da mansão. Um grupo de agentes os cercou de repente e atiraram. Em instantes, um a um, começaram a cair. Antes de Nishi desmaiar ele pensou:
— De novo?Eu vou desmaiar de novo?Eu fui atacado por colegas de trabalho, eu estou caçando seres que eu sempre pensei que não existissem. Cara, eu realmente odeio meu trabalho.
Acordou em um tipo de incubadora tamanho família onde vários equipamentos o monitoravam.
— Parece que acordou Nishimoto. Disse o velho Okiba que se encontrava ao lado da incubadora.
— O que aconteceu lá na mansão?
— Isso será explicado mais tarde, respondeu ele.
Nishi se levantou e viu Sakurai olhando para o céu falso estrelado pela janela, pensou em ir falar com ele, mas foi interrompido por Sano.
— Deixe-o quieto.
— O que há com ele?
— Ele sabe que não é forte o bastante e hoje teve uma prova disso, conhecendo ele como eu conheço, ele sempre fica desse jeito quando percebe que é mais fraco que algo ou perde algo, mas ele vai tentar ficar mais forte e superar seus limites cada vez mais.
Nishi não respondeu e voltou sua atenção para o resto de seus companheiros se levantando
— Então todos aqui, vamos ao que interessa. Disse o velho Okiba. --- Hoje vocês presenciaram uma verdadeira luta entre paranormais, destruição em massa e distorção do espaço são umas das inúmeras causas, realmente esses seres são verdadeiros monstros, mesmo não usando sua força total.
— Já sabemos disso, seja direto. Disse Sano.
— A central principal da O.H.D está tirando vocês do caso e mandando para um divisão mais avançada.
— Mas isso é besteira, fizemos tudo o que nos foi designado.
— Me desculpem. Isso não é decisão minha, acreditem em mim, eles sabem o que estão fazendo.
— E então? Qual é a ordem?
— Que fiquem fora dessa investigação sem interferir em nada e que mantenham o que aconteceu hoje em total sigilo.
Sano deu um soco no ar nesse momento e disse:
— De novo! Você nos subestima demais, velho!Sano estava indignado, chutava o ar e esbravejava enquanto saia pela porta.
— Estão dispensados pelo resto da semana, disse Okiba.
Nishi não entendeu a indignação de Sano, já que só estava ali fazia dois meses. Sano era o capitão da divisão e o mais velho ali, com 20 anos, costuma ser brincalhão e mulherengo, mas hoje estava totalmente sério.
— Quando o ano acabar, vou deixar a divisão. Disse Sano. --- Então Sakurai, conto com você para ser o novo capitão.
— Eu? De jeito nenhum, não sirvo para capitão, em uma semana todos estariam mortos por não conseguirem cumprir minhas ordens.
— Então quem recomenda?
Sakurai lançou um olhar maldoso para Nishi e disse:
— Acho que o Nishimoto tem um grande potencial.
— Então, Nishi, conto com você. Disse Sano sorridente.
O quê eu posso fazer?Eu sou um simples novato, mas se eu recusar, Sakurai vai me cortar ao meio. Pensou Nishi.
— Se recusar lhe corto ao meio, disse ele, parecendo ler os pensamentos de Nishi.
Então todos foram embora e Nishi ficou ali, parado, pensando.
• • • • • • • • • •
Já era de noite quando estava voltando para casa, totalmente exausto, pegou o último trem e tentou com todas as forças não dormir no trajeto. Enquanto caminhava para a casa, viu Aki, a garota que gostava. Tinha uma boa estatura, cabelos pretos e olhos castanho escuros e brilhantes, fácil de se apaixonar. Só que havia um problema, ela estava acompanhada de um garoto que parecia seu namorado, ela dava sorrisinhos envergonhados e segurava a mão dele. Nishi não podia evitá-los por que estavam seguindo pelo mesmo caminho, ele sentia raiva daquela cena, seu rosto corado era tão encantador. Então, eles pararam para se despedir e se beijaram, aquela cena quebrou Nishi por dentro e fez com que seu mundo caísse, toda a motivação e felicidade que tinha restando dentro dele se foi. Ele tentou não ser visto e seguiu por outro caminho, tentou segurar a raiva e não gritar no meio da rua, estava sentindo ódio, tristeza e cansaço de uma só vez, mesmo com o calor fervoroso do verão que dava seus primeiros sinais, ele continuava frio e triste. Ao chegar a seu prédio, tentou explicar para o porteiro sobre sua situação e entrou. Ao chegar ao apartamento, ignorou a porta consertada, jogou suas coisas em um canto e se deitou. Levantou sua mão direita em direção ao teto e suspirou, virou para o lado e dormiu.
Nishi não sabia, mas essa seria uma das últimas noites que ele poderia dormir sem se preocupar com a morte.
Capítulo 4 - Bad Job: Fim.
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